quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A valsa do silêncio

        
Noite que dormita, às vezes canta, às vezes soluça.  Passos que vagueiam em direção incerta, sem hora certa. No fundo, no fundo é apenas uma maneira de tardar o temido encontro. Seus olhos nos meus buscarão respostas que não mais poderei dar... O silencio é um atalho quando não se pode pegar a estrada. No seu rosto os sulcos imiscuem-se num sorriso sem graça. Interrogações percorrem o cerne de sua mente, Mas o amor e a razão não caminham de mãos dadas...         

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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Pelo simples toque da lembrança

 O vento soprava lânguido balançando lentamente os galhos da enorme castanheira. Suas grandes folhas, mescladas de verde e vermelho, dançavam freneticamente ao sabor do vento. Ao longe o burburinho dos transeuntes era quase inaudível. Seguiam entre falas e risos em passos ritmados. A grande janela de vidro tornara-se cúmplice da minha quietude. Recostada no alpendre nem conseguia acompanhar a velocidade dos meus próprios pensamentos... Quiçá alguém pode ter notado meus lábios se entreabrirem num sorriso de cantinho e, o riso desvanecendo-se antes que a boca tomasse sua forma natural. Apalpei-a com as pontas dos dedos... Meus olhos se fecharam vagarosamente... Pelo simples toque da lembrança...





 Autoria: "Rose Sousa"

(DIREITOS RESERVADOS)

domingo, 15 de agosto de 2010

O tempo não pára. Ele não espera.

No ápice da loucura costuro asas. Discordo do sistema, refaço frases.
Derrubo muros e rabisco paredes, contando meus versos aos paralelepípedos.
O tic-tac zomba da inocência; da meninice no meu corpo de mulher.
Ouve-se ao longe o soar dos sinos; suas gargalhadas frenéticas abafam o clamor do profeta que suplica para que o sol pare por alguns instantes.
Oh tempo! Rude tempo...
Cônscio de sua imortalidade envaide-se o tirano; faz desabrochar o botão e na plenitude de sua beleza em flor, faz desfalecer suas pétalas.
Corrompe-se em glória o bárbaro à dor da minha saudade. Precipita-se velozmente me arrastando com ferocidade; em suas infindas asas atravesso vales de lírios. Contemplo o choro de um rio... Que se deságua em lágrimas em busca do imenso mar... E, o vento com sua valsa estonteante abraça a montanha silenciosa... Sozinha sou deixada no cume de uma montanha, ao sabor da chuva, ao cheiro da relva, desfalecida nos braços da solidão... De joelhos, prostrada, ergo meus braços ao céu e grito seu nome:
Onde está você, amor???
Ao longe se ouve meu suplício que atravessa o desfiladeiro. Chilrea a cotovia e sinto esmorecer a esperança de te encontrar um dia.  Mas sua lembrança é uma chama de esperança que renasce em mim.
E sussurro: Preciso de você...
A noite vestiu seu longo vestido negro. Vaidosa ataviou os cabelos com seu véu escarlate e num tom desprezível dispensou o luar. Não sei se por pena de mim...  Ou pra que não me visse chorar...
E na penumbra se vê um brilho opaco e sem vida, uma drácma perdida, uma algema de ouro no meu dedo anular. Está cravada a espera de um guerreiro, único capaz de tocar a Escalubur.
No seu castelo de areia com portões de ferro, uma silhueta bela, pela janela contempla o infinito. Um grito mudo, de um silêncio insuportável ecoa na imensidão dos seus jardins suspensos.
Então o vento se compadece e viaja com pressa o mensageiro. Leva consigo uma fagulha, uma chama... Uma canção de quem ama... Embalados numa etérea melodia.
Sendo longa a viagem descansa, até o vento se cansa, de longínquo que é. Mas logo se apressa e, na busca incessante deste amor a natureza se enfurece... Os raios imponentes com seus clarões assustadores recortam os céus impiedosamente num misto de terror e beleza.
E de repente!
O clarão de um raio avista você!
O mundo pára!
O vento sinfonicamente te chama... Em soluços implora...
Uma expressão indecifrável circunda seu olhar...
Olha rapidamente de um lado para o outro. Os lábios se estreitam, parecem querer dizer algo, mas nada dizem.
Será que você não vem...?
Talvez tenha outro alguém...
E, baixando os olhos, tristonho e com feição de derrota, o vento alça seu vôo, sempre afobado tem que soprar. O tempo não espera...
Será que você não vem...?
Que seu coração ouça meu chamado, que sinta a doce carícia da brisa que carrega consigo o amor transcrito em partitura, para sussurrar em seus ouvidos tudo que está adormecido pra acordar quando você chegar...  Antes que os olhos do tempo descortinam-se em escuridão, num piscar lento e doloroso...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Mais que um sonho

Hoje acordei frustrada. Despertei subitamente de um sonho maravilhoso. E quem não fica com cara de “Dunga” quando interrompido justamente no momento mágico do beijo? Sei que essa teoria muitos já conhece, mas não à minha maneira..
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O beijo...

Momento em que os lábios se unem. Instante único em que nosso corpo é atingido pelas mais primitivas e prazerosas sensações. O beijo estimula a parte do cérebro que libera endorfina na corrente sangüínea, criando uma sensação de bem-estar. Nosso corpo reage sistematicamente e só nos damos conta das loucuras que fizemos depois que tudo acontece. A paixão é tão intensa que nosso corpo movimenta cerca de 29 músculos; ao mesmo tempo, a pressão que o rosto de uma pessoa exerce sobre a outra chega a 12 quilos. E nessa deliciosa valsa lingual pelo menos 250 bactérias são compartilhadas. Poucos prazeres físicos podem ser comparados ao proporcionado por um bom beijo, daqueles demorados, intensos e saborosos, os rápidos e ardentes ou até mesmo o roubado. Os batimentos cardíacos passam dos normais 70 para 150 por minuto. Um beijo muito entusiasmado pode encurtar a vida em três minutos. Daí pode ser tarde demais... Ou simplesmente maravilhoso...
E o tempo parou parou por alguns instantes...

O céu denotava um azul tão fascinante que tive a sensação de estar no paraíso. Nossos cabelos revoavam ao sabor do vento, tocavam-nos nos olhos insistentemente. Acho que nos perdemos no universo, pois não se via nenhum ser vivente. Só eu e Ele... Olhávamos fixamente um para o outro, sendo a primeira vez - compartilhávamos o mesmo sentimento. O silêncio trajado de magia... Desnudado de utopia. Ele desviou o olhar e fixou-os em meus lábios. Olhos gentis, porém intensos, pareciam amolecer meus ossos.
_Quantos centímetros têm seus lábios? _ Ele sussurrou enquanto segurava meu queixo. Um sorriso tímido e zombeteiro pairou nas extremidades dos seus lábios. Era tão másculo que se assemelhava a um leão se expondo ao sol.
_ Não sei... _ Minhas palavras soaram quase inaudíveis. Minhas forças me traíam, quase desfalecia de prazer naqueles braços.
_Vou medir com um beijo cada centímetro deles... Agora... _Balbuciou ele com a voz rouca incontida de desejo. Senti o descompassar do coração. Meus lábios foram silenciados pelo toque daquela boca quente...Subjugando-me ao delírio... Eu, louca, enfim me rendia àquele “estranho”, uma doce selvagem que dantes nunca se entregara... Uma presa que não queria ser liberta. Nunca mais...



***Se a louca sensação de um beijo pode encurtar a vida em apenas três minutos... Mesmo sendo um sonho, eu queria morrer hoje...**

Autoria: "Rose Sousa"

(DIREITOS RESERVADOS)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Uma carta... Pra mim?

Você pisa, eu ponho o passo
Como um bicho no seu rastro
Farejando, xeretando
No compasso dos seus passos
Põe o salto, tira sarro
Toda linda, requebrando
E eu louco apaixonado
Pra essa fêmea me humilhando...
Lá vai ela toda prosa
Ora é espinho... Vez é rosa
Faz de mim seu prisioneiro
Minha fada orgulhosa!
Que mistério tens tu,
Que me aprisiona e me domina?
No seu corpo tem um néctar
Que o sabor me alucina.
Ao provar do seu sabor
Sei que a morte é a minha sina!
Em seus lábios tem veneno
Arsênico... Cocaína...
Mas eu morro de overdose
No seu corpo de menina.
No palco de seda valsamos...
Desfaleço no seu seio Arfante
Meu castigo é te amar
Pior ainda é ser cônscio
Que em meus braços tu estás
Porém sua alma... Está distante...

***Nunca magoe uma mulher a ponto de perder seu amor, pois o que restar dele pode ser seu maior castigo...



 Autoria: "Rose Sousa"

(DIREITOS RESERVADOS)

domingo, 4 de abril de 2010

Palavras, Palavras, Palavras...





Agulhas penetrantes, pontiagudas perfurantes
Navalha afiada, fio da espada!
Tatuagem sombria... Neblina na noite fria
Que repousa nos solitários bancos das praças...
Bala de prata num coração inocente
Embora passado, permanece presente
Dilacerando a alma da gente... Que sente... Que sente...
Curva na estrada... Cilada... Emboscada!
Flecha lançada... Zarabatana!
Escrava alforriada que se lança à liberdade para ferir... Machucar...
Sem dó... Sem piedade...
Deturpam a verdade! Lambem a honra,
Rondam a cidade com todo seu furor...
Cárcere de monstros que sugam a fé e cospem a maldade
De uma palavra mal dita... Nunca se sente saudade...
Pior que as trevas nos olhos de um cego...  São as palavras de um néscio...

Autoria: "Rose Sousa"
(DIREITOS RESERVADOS)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A fera indomável

Que passe o bonde e fique a saudade
Que estrile no peito sufocando a dor
Que já não sentida...mas aberta a ferida
Que não cicatriza por causa do amor
Que em sua plenipotência se obliterou...
Despediu-se às garras de um falcão
Que num só puxão!
Pra longe o levou... sem volta, sem perdão...
Agora grita Falcão!
Bom seria se soubésseis cantar...
Mesmo que triste melodia,
Consolarias um austero coração
Que já não sabe amar...
Que seu canto não se torne em lamento...Antes vá!!! Rasgue os céus e corte os ventos!
Traga-me a essência do sereno e os rastros do amor... e estarei à tua espera, como uma fera!
Destemida ao caçador...
E não venha no encalço... pra não se machucar...
As patas que acariciaram, te podem trucidar...
Louco!!! uma fera ferida não se deixa dominar!
É instintivamente livre!!! sem toca, sem rumo, sem apego...
Bicho arisco! pisa leve...não farfalha as folhas...
Se esquiva dos arbustos, sufoca seu gemido! pra não avisar...
Que um adeus dará a sua vida...castigo por tê-la seguido!
Em suas garras morrerás...
E quando  inerte ao chão...suplicarás  perdão...tarde demais...
Tendo como única resposta... O silêncio inexorável e fugaz...

Autoria: "Rose Sousa"

(DIREITOS RESERVADOS)