quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Anoiteceu...

Os olhos muram a distância que se fez em nós.
Ainda que a mão possa tocar esse banco, 
onde te sentas
a olhar um jardim de flores mortas.
A cor do desejo já não fulgura na pele.
Há um frio que dói nos ossos.
A mão do sol já não afaga nem aquece o dia.
Já não é dia, nem há dias.
Há apenas um tempo sem destino. 
Horas mortas.
Anoiteceu. Uma noite eterna que te cega.
Abandono a paisagem de mim, 
que penduras com zelo
nos escombros do que já foi morada,
onde se ouvia uma melodia que já ninguém toca.
Tornei-me leve, 
sem esse corpo ao qual te aferras e não soltas.
Já não sou corpo, nem há corpo.
Sou asa de pássaro a rasgar o céu
em direção ao horizonte onde os azuis se misturam.
Não me chames. Não te ouço, nem te vejo.
Já não há ouvidos, nem olhos. 
Não tenho frio, nem sinto fome.
Há apenas sede.
Uma sede de mergulhar as penas nesse azul imenso
...e ser mar.
Sónia M

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Quando chamo pelo seu nome...


 
Quando olhares para o alto
O que poderá ter sido o dia?
Uma estátua de pedra sem vida?
Ou um trovão que se rompeu com heroísmo?
Do outro lado do rio,

O silêncio ergue suas torres...

Onde tudo se veste do nada...
Onde o sorriso é um simples sulco no rosto...
Do outro lado do espelho o tempo é uma canção esquecida...
Que se arrasta embevecida em soluços
Afiando suas garras sobre o inerte dia
Que se despe em silêncio...  Suplicando pela noite
Trazendo a umidade dos seus lábios...
Quando chamo pelo seu nome...

Rose Sousa.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Cada palavra que te digo...

Cada palavra que te digo é um grito
Grito... porque a tua voz já não me fala
Cada palavra que te digo é saudade
Saudade que consome... o que tu tentas apagar
Cada palavra que te digo  é  de amor
Amor que fiz... amor que dei... amor que senti
Hoje, cada palavra que te digo, só eu as escuto
Só eu...

 Rui.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Fome...

Meu amor
a fome
que tenho
é na alma
que segue
calada
refugiada
entre sonhos
quentes
a fome
que tenho
é na pele
descontente
de forma
atraente
firme
devoradora
a fome
que vem
a fome
que vai
a fome que
você não vê
não sente
nem pressente
desprevenido
me deixa
assim
faminta
com fome de ti... 

Rosangela Ataide